terça-feira, 28 de maio de 2013

Manual do pet idoso

Cães e gatos mais maduros e experientes precisam de cuidados redobrados com a saúde e alimentação
Por Monique Souza
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Problemas de visão também são comuns em pets idosos
Crédito: Flickr/ CC – BDegan

Assim como os humanos, os pets estão vivendo cada vez mais e melhor. Há até animais, como o cachorro Pusuke, que busca reconhecimento como o cão mais velho do mundo, perante o Guinness Book. Mas a exemplo das pessoas idosas, os bichinhos que estão nessa fase da vida também precisam de cuidados especiais.
Felizmente, com os avanços da medicina veterinária e a proliferação de especializações como, oncologia, endócrinologia, oftalmologia, entre outros, ficou mais fácil dar qualidade de vida aos pets. Mas afinal, quando eles começam a ficar idosos?
Segundo a médica veterinária Estela Pazos, especialista em felinos, um gato é considerado “maduro” aos 8 anos, e idoso, a partir dos 10. Ela explica que nessa idade, o comportamento dos bichanos se altera, tornando-se comum miados mais frequentes e até começar a urinar fora da caixa sanitária. “Eles passam a dormir o dia todo em locais mais escondidos, convivem menos com as pessoas da casa, e até deixam de ir até a porta para receber o dono na entrada”.
Além de ser especialista em felinos, a veterinária conhece de perto o cotidiano dos gatos idosos, isso porque conta com a companhia de Catatau, um SRD (Sem raça definida) de 14 anos. O pet mora com a dra. Estela há 11 anos, quando ela o resgatou em uma clínica, onde o bichano foi abandonado, após ser atropelado. Ela conta que o gatinho, apesar da idade, é bem ativo, e adora brincar com ratinhos de brinquedo. “Ele gosta de tomar sol pela manhã, na companhia dos meus outros dois gatos, e lá faz seu ‘banho de gato’ lambendo o corpo todo”.
Segundo a veterinária, quando os gatos envelhecem, perdem massa muscular, a digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes diminuem, assim como a função renal. Eles também bebem menos água e tendem a desidratar, por isso, é essencial que o dono esteja atento às mudanças de comportamento.“O mais importante é perceber que os hábitos do animal mudaram e procurar o mais rápido possível por ajuda especializada”, sugere.
Vale lembrar que os cães também sentem o peso da idade. A chegada dos animais à velhice é determinada pelo seu porte, segundo o veterinário Marcelo Quinzani, diretor clínico do Hospital Pet Care. “Os cães de raças maiores têm o metabolismo mais acelerado e tendem a chegar na terceira idade entre seis e nove anos. Já os menores, envelhecem mais devagar e são considerados idosos entre nove e 13 anos”.

Cuidados com a alimentação

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Catatau, com 14 anos, ainda gosta de brincar
Crédito: Arquivo Pessoal

A alimentação do bicho idoso também é diferenciada. Como a digestão e absorção são reduzidas com o envelhecimento, o animal deve receber uma ração que tenha digestão facilitada e proteínas de boa qualidade. As necessidades nutricionais de um cão velhinho são bem distintas das outras faixas etárias, por isso, é preciso – com o auxílio de um especialista – fazer algumas alterações em sua rotina alimentar.
“Com o passar dos anos, o metabolismo, a massa muscular e a necessidade energética canina diminuem. Essa característica favorece o ganho de peso e os problemas decorrentes dele”, pontua o dr. Marcelo. Rever a dieta do bicho, oferecendo alimentos específicos, reduzindo as porções, aumentando o número de refeições diárias e fazendo a suplementação de nutrientes essenciais é fundamental para manter a saúde e bem-estar na terceira idade.
Para o especialista, a avaliação nos dentes de um animal idoso também é de extrema importância, pois se houver dor, ele pode deixar de se alimentar. “A saúde oral dos animais também deve estar em foco, o mau-hálito é sinal de problemas como o tártaro e periodontite”, alerta o veterinário.

Cuidados com a saúde

Mas não é só a dentição de seu bichinho que deve ser observada de perto. Nessa fase da vida, várias doenças podem surgir. As mais comuns em gatos são: insuficiência renal, hipertireoidismo, osteoartrite (ou artrose), disfunção cognitiva, neoplasias, hipertensão, diabetes, doença cardíaca e doença intestinal inflamatória.
Para os cachorros, os problemas não diferem muito, pois grande parte deles apresenta alterações nas articulações e nos ossos. “Esses problemas são demonstrados através da dificuldade para pular ou subir em um local mais alto, como o sofá”, explica o dr. Marcelo. Já na demonstração de dor, o animal mostra-se sensível quando tocado próximo à região da coluna e ao executar movimentos simples.
Os cães também podem apresentar alterações cardíacas durante o envelhecimento, mas nem sempre os proprietários conseguem reconhecer os sinais clínicos desses problemas. Cansaço e ofegância, intolerância a exercícios, desmaios, língua arroxeada após uma situação de excitação, e principalmente, tosse, são alguns sintomas de cardiopatia.

Casos da vida real

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Pretinha, com 13 anos, sente dores e precisa de muita atenção
Crédito: Arquivo Pessoal

Monica d’Ávila, professora de canto, constatou algumas dessas alterações no comportamento de sua vira-lata, Pretinha, de 13 anos. “Percebo que ela erra a pontaria para subir em alguns locais, como por exemplo, escada e poltrona. De vez em quando, ela perde o equilíbrio e enxerga mal”. Segundo a proprietária, sua cadela também perdeu parte da audição e até um pouco da vitalidade. “Antes, ela ouvia alguém chegando e vinha correndo como maluca, agora, ela ouve, levanta a cabeça e não dá bola”.
Ela também percebeu que sua cadelinha anda menos disposta. “A Pretinha já está a própria ‘velha rabugenta e dolorida’, se pegar no colo de mau jeito ela chora. Fica também mais tempo deitada, quieta em cantinhos macios, que andando pra lá e pra cá. Ela quer ficar no quentinho, não gosta de frio, come menos e rosna mais quando incomodam”, diz a dona.
Para finalizar, os dois veterinários concordam que todos os cães e gatos devem passar por exames regulares quando chegam a terceira idade. E como a prevenção acaba sendo sempre a melhor saída, confira abaixo uma lista dos exames mais importantes que devem ser feitos anualmente.
  • Avaliação odontológica: recomenda-se que seja feita a partir do primeiro ano de vida, mas cerca de 87% dos animais acima de 3 anos têm doença periodontal justamente porque não fizeram exame preventivo. Ele deve ser realizado por um médico veterinário especialista em odontologia
  • Exame de mama, testículo e próstata: deve ser feito anualmente em animais não castrados, a partir dos 4 anos
  • Ultrassonografia abdominal: deve ser feita anualmente para animais acima de 6 anos
  • Pressão arterial e eletrocardiograma: recomendado para animais acima de 6 anos
  • Ecocardiograma: realizado anualmente, quando os animais apresentam alterações de pressão arterial, presença de sopro cardíaco ou cansaço
  • Exames de sangue: hemograma, ureia, creatinina, colesterol, glicose e enzimas hepáticas são geralmente os mais pedidos a partir dos 6 anos
  • Exame de urina e de fezes: anualmente, a partir do primeiro ano de vida
E não se esqueça: durante a terceira idade, a fragilidade dos pets aumenta. Respeito, carinho, atenção e informações sobre os problemas mais comuns do envelhecimento são fundamentais para encarar com tranquilidade essa nova fase e aproveitar ao máximo tudo o que o seu amiguinho ainda tem para oferecer.
 
 

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