Autor: Marcelo Toledo
"As entidades de proteção aos animais têm razão em muitas das críticas que fazem em relação aos rodeios." A frase não foi dita por um ativista, mas pelo pesquisador da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Jaboticabal Orivaldo Tenório de Vasconcelos.
Ele coordena o Ecoa (Centro de Estudos do Comportamento Animal), bancado por Os Independentes, entidade organizadora da Festa do Peão de Barretos.
De acordo com ele, ao menos dois terços dos aproximadamente 2.000 rodeios realizados anualmente no país deveriam ser proibidos, por causa de maus-tratos aos animais utilizados.
"Há muitas entidades de proteção animal que são sérias e acompanham o que acontece no setor. Infelizmente há locais em que os animais não são bem tratados, diferentemente do que ocorre nos principais eventos", afirmou Vasconcelos.
Desde o surgimento do centro, em 2008, foram investidos cerca de R$ 1 milhão em estudos sobre os animais, de acordo com Marcos Murta, presidente de Os Independentes. O valor foi bancado pelo clube.
Entre os trabalhos desenvolvidos estão a relação dos animais com o meio em que vivem, a utilização do sedém (cinta amarrada na virilha dos touros durante as montarias), a audição e a sensibilidade dos animais.
As principais críticas dos centros protetores dos animais são referentes à utilização do sedém e ao estresse a que os animais são submetidos pelo barulho e a iluminação da festa.
MINORIA
Entidades de proteção animal alegam que o público que vai aos rodeios em sua maioria busca as atrações musicais, não as provas envolvendo touros e cavalos.
A Arca Brasil alega que o rodeio impõe a cultura norte-americana no país e que o frequentador quer é assistir aos shows de seus artistas favoritos, não presenciar as montarias em touros.
"A Catalunha proibiu a tourada, que era um orgulho nacional. As festas no Brasil estão preocupadas, porque lançam mão de tudo o que podem, como contratar uma Mariah Carey [que fez show em Barretos em 2010] para tirar a visão da prova", afirmou Marco Ciampi, presidente da Arca Brasil.
Já o diretor do PEA (Projeto Esperança Animal) Carlos Rosolen afirmou que o sedém agride os touros, que são estressados com a luz da arena e o barulho das pessoas e alto-falantes.
"Como outras festas, Barretos usa sedém e maltrata os animais", disse Rosolen.
De acordo com Orivaldo Vasconcelos, coordenador do Ecoa, o instrumento provoca cócegas --e não dores-- nos animais.
Fonte: Folha
Data: 21/8/2011 22:10:14
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